Conhecer
Bouro Stª Maria
O concelho de Bouro foi fundado em 20 de Outubro de 1514, pelo Rei Venturoso, D. Manuel I, através do foral novo que concedeu ao Couto do Mosteiro de Bouro, erigindo-o em concelho de seis ou sete paróquias, consoante se conte ou não com Santa Maria de Bouro, ainda então e durante alguns séculos sem existência canónica nem civil como freguesia. O novo concelho, tal como o velho couto, ficou dependente do Mosteiro e compreendeu, até 1834, as freguesias de Santa Marta, Vilela, Goães, Seramil, Paredes Secas e Santa Isabel do Monte.

Breve História
Os suevos eram povos germânicos que primitivamente estavam estabelecidos a Este do rio Elba, entre o Havel e o Spree. Deslocaram-se para o sul no século I antes de Cristo, tentando penetrar na Gália. Mas foram vencidos por César no ano 58 antes de Cristo e foram-se estabelecer entre o Rena e o Danúbio, na Alemanha meridional, denominada Suábia. Aquando das Grandes Invasões, juntam-se aos Alanos e Vândalos e penetram em Espanha em 409, apoderandose da parte meridional da Galécia, em 411.
Em 465 converteram-se ao arianismo, doutrina que negava a divindade de Cristo, porque criado no tempo, por oposição a Deus Pai.
Regressaram ao catolicismo, graças à evangelização de S. Martinho de Dume, no reinado de Teodemiro (559-570). Em 561, reunia-se o 1° Concílio de Braga. Sucede que os Visigodos permaneciam fieis ao arianismo e não ficaram nada contentes com a conversão dos Suevos. Os Visigodos, comandados por Leovigildo, atacaram e venceram o rei Miro, em 576, obrigando-o a declarar-se seu vassalo. A Miro sucedeu Eborico.
Mas Andeca, um nacionalista intransigente que casara com a viúva de Miro, revolta-se contra Eborico. Os Visigodos voltam a entrar em cena, derrotando os Suevos junto do Porto. Os Suevos são anexados e acabam por se confundir com os Visigodos.
Mas que é que isto tem a ver com Bouro?
Tem tudo, porque os Búrios eram suevos. E veremos como Bouro foi um pólo importantíssimo, uma espécie de primeira capital do reino suevo. É preciso não esquecer que na Galiza, um pouco abaixo de Santiago de Compostela, existe uma povoação importante chamada Boiro. Os nossos avós das montanhas bourenses, conheciam a nossa terra como Boiro. Não se deve ainda esquecer que o falar deles estava muito perto da língua galega.
Em 14 de Abril de 1973, foi encontrada em Carrazedo de Bouro uma ara votiva dedicada aos Lares Búrios. Os Búrios vieram dos confins da Germânia de uma região situada entre o Oder e o Vístula. Seguiram as vias militares romanas e penetraram no nosso território principalmente pela Geira. No seu trabalho sobre toponímia irradiante da Estrada da Geira, Silva Cosme descobre lugares com nomes germânicos.
Ressalvamos, pela sua evidência, o topónimo Brufe. Pouco a pouco, o território geresiano passa a ser ocupado pelo ramo búrico dos suevos vindos do norte, que aí criam as suas próprias aldeias. Como se compreende, à aridez da serra prefeririam os vales arborizados ao longo dos rios. O Vale do Cávado prestava-se a uma excelente zona de habitação e cultivo. Bouro era um lugar privilegiado por estar no sopé da Serra e apresentar no monte imediato locais de refúgio de difícil acesso por invasores estranhos. As duas margens do Cávado estavam já ligadas por uma ponte romana que facilitou a ocupação do território.
Parada de Bouro não pode ser dissociada deste espaço importante ocupado pelos usurpadores do Império Romano. São conhecidas muitas referências clássicas aos búrios. São-nos gratas as notas de Domingos da Silva em “OS BÚRIOS”, Terras de Bouro, 1988, de que citamos a reprodução da ara de Carrazedo de Bouro.
Sabemos que era um povo rude, dado primitivamente ao culto de divindades pagãs. Tácito, historiador romano depois da metade do primeiro século da nossa era, evidencia neles o carácter de entreajuda na vida do campo e do pastoreio, bem como na defesa do território. Essas características trouxeram-nas para as bandas do Gerês. Os garranos foram as bestas de trabalho, transporte e de guerra por excelência dos búrios. Nas aldeias dos montes de Bouro não há éguas, há burras. Pelos maus caminhos de acesso da planície aos lugarejos das montanhas, as burras e os machos transportavam o vinho, o azeite e os cereais em odres feitos das peles da rês.
Consulta: Aqualibri Cimcavado